[Gustave Courbet, Enterro em Ornans, Musee d'Orsay, Paris,1850 ]
Courbet estava convencido de que deveriam ser descartadas as regras e prescrições dos ateliês e da academia. Sua proposta era a de que o artista deveria deixar as “coisas” e sua aparência se sustentarem por si mesmas, ao contrário do que acontecia na prática acadêmica do séc. XIX, quando o objetivo histórico, a moral, o sentimento ou a “história” da pintura determinavam o aspecto visual das obras. Era a antítese da idealização. E foi o que ele fez em "Enterro em Ornans" que chocou os críticos conservadores no Salão de 1851 e desconcertou até mesmo os liberais.
Eis o desafio que Courbet lançou aos seus contemporâneos: as regras deveriam ser provisórias e não princípios irrevogáveis. Seu realismo residia, de certa forma, no método de pintar cada elemento do quadro meticulosamente a partir da vida. Ao fazer isso obtinham, às vezes, um ilusionismo quase alucinatório. Mas a maneira “realista” de pintar sempre pontuou a História da Pintura, através de seus diversos mestres, desde Da Vinci a Ingres, de Sargent a Hopper, de Alma-Tadema a Vermeer, de Caravaggio a Dali.
Smirk
48X64
Oil on linen, 2009
Alyssa Monks
48X64
Oil on linen, 2009
Alyssa Monks
Nos anos 70, surgiu um movimento artístico nos Estados Unidos, chamado de Hiper-Realismo (ou Fotorrealismo, ou Super-Realismo), durante o auge do “Minimalismo” e da “Arte Conceitual”. Um grupo de pintores talentosíssimos, liderados por Chuck Close e Richard Estes, criaram uma pintura ilusionista, descritiva e figurativa, muitas vezes copiando fotografias em seus mínimos detalhes, num trabalho exaustivo mas extremamente impactante.
Naquela época suas criações foram prestigiadas pelos marchands, colecionadores e público em geral, mas foram rejeitadas por muitos críticos de arte, que as consideravam uma regressão. Com o passar do tempo, entretanto, tornou-se mais fácil perceber as afinidades do hiper-realismo – a aparência impessoal e a preocupação com temas comuns do cotidiano – com movimentos contemporâneos da arte pop e do minimalismo. Por diferentes caminhos, a pintura hiper-realista também atesta o impacto exercido pela fotografia sobre a pintura desde o impressionismo.
Na Ícone – Escola de Pintura, fomentamos o aprendizado da pintura, influenciados pelos princípios teóricos do Realismo de Courbet, assim como praticamos as técnicas do Hiper-Realismo de Close e Estes. Nosso trabalho é baseado na fotografia e reproduzimos a realidade tal qual ela nos é apresentada num dado momento. Para tal labor, aplicamos muitas regras, técnicas e conceitos desenvolvidos por mim, ao longo destes 30 anos de carreira. Porém, mais do que regras e fórmulas, a pintura é emoção e sentimento, que devem ser estimulados pela prática da observação do mundo que nos cerca.
Admirando cuidadosamente cada nuance de cor, de textura, de forma e luz desta realidade em que vivemos, aprendemos a “congelar” o instante, de maneira que o espectador identifique-se com a obra, e desperte nele aquilo que almejamos: A identificar a Beleza das coisas simples, numa reflexão interior e num resgate do Sublime.
Sobre o autor
Alfredo Vieira, 30 anos de arte, natural de Belo Horizonte. Filho de uma família de artistas, desde criança exercia as artes plásticas em diversos modos como a escultura, pintura, artesanato, modelagem, bem como a música e a poesia. Diversas exposições em Minas, Brasil e Exterior. Morou na Itália onde aperfeiçoou no estilo Hiper-realista de pintura. Autodidata, deseja encontrar o reconhecimento na arte, onde diz estar em franca evolução.
É professor e fundador da Ícone - Escola de Pintura, a 10 anos, uma referência no ensino da pintura realista em Minas Gerais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário