Não vemos as pessoas como vemos casas, árvores ou estrelas. Vemo-las na expectativa de as encontrarmos de uma determinada maneira, transformando-as, assim, em um pedaço da própria interioridade.
A força da imaginação forma-as de maneira que estejam de acordo com os próprios desejos e as próprias esperanças, mas também de modo a que nelas se confirmem os nosso próprios temores e preconceitos.
Na verdade, nem sequer alcançamos os contornos exteriores do outro de maneira segura e imparcial. Ao longo do percurso, o olhar é desviado e turvado por todos os desejos e fantasias que fazem de nós a pessoa especial e insubstituível que somos.
Pascal Mercier em Trem Noturno para Lisboa - Editora Record, p. 94
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