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Ars per Ars- Arte pela Arte


quinta-feira, 8 de julho de 2010

Poesia- Utopia da maré

Utopia da Maré

Encontro-me num navio
Deserto, intitulado ilha.
Contemplo nas adjacências
A tradução da minh'alma.

Sem porto nem vela
Firmamento longínquo
Recluso, talvez para sempre
Nesta decadente e errante nau.

A geometria dos movimentos
Nulas, em seu vértice
Gira o mundo, gira o nada
Estática do querer
Ferindo meu ser.

Anseio por vestígios de áureos dias
Objetos perdidos nas areias do tempo,
Fragmentos maculados
Pelas salgadas àguas da ilusão.

Por hora, somente sinto
Na boca, salobre fel
E nos olhos, a amarga melancolia
De paisagem muda, imóvel.

Vislumbro um mar de calmaria
Sobre turvas emoções-oceano
Guia sobre a linha do horizonte
Afogo meus pensamentos desconexos.

Meu coração- pérola do desejo
Encoberta está;
Involucro de dor
Busco a luz na umbra profundidade
Imerso na gélida
Alma do poeta,
trovador aspirante
Náufrago do amor.

Ouço o cântico das sereias
Irresistível chamado,
Ao degredo eterno da escuridão
Convite silencioso das marés;
Âncora pendente
Permeada de vozes inauditas
Nos recifes da solidão.

Soletro estrelas
Em preces veladas
Mergulhado na aura da lucidez,
Quem sabe a maré
Trará resquícios de outrora?...
...indícios de vida em renascença.


(Leonardo Silveira- Alfredo Vieira)

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