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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Poema- Estigmas

Estigmas


Hoje quero sentir o estigma de corações apaixonados
A ferida que nunca cicatriza
Fluido escarlate que transborda em nós
Como vinho maduro volatizando almas pétreas

Torrentes de desejos
Cobrindo terras estéreis do meu espírito aprisionado
Onde uma névoa de paz repousa
Sobre feudos fecundos

Quero sorver a essência das palavras
E traduzi-las em sibilares solenes
Quero renascer - ressuscitar do que fui um dia
E encantar-me com o entorpecer deste momento

Quero tocar a face holográfica do amor
Acariciar minha coragem e vontade de viver
Deliciar-me em fantasias primárias
Tão sérias quanto as cores deste instante
Quero vagar nos abismos da realidade
Sem descuidar do erro presente

Alegrar e sofrer em demasia
Séculos de clausura e angústia
Abortados em um único dia
Respirar ares de encantamento
Ignorando todo e qualquer tormento

Vivendo em cada pulsar do tempo
Esse insolúvel êxtase
De experimentar a vida,
Compreendendo a dor
De entregar-se plenamente
A si e a outrem,

Subitamente.

Alfredo Vieira e Leonardo Silveira

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