Os estóicos descobriram que o objeto do medo é o próprio medo. "Nada", diz Sêneca, "é terrível nas coisas exceto o próprio medo". E Epícteto diz: "Porque não é a morte, ou a privação, que é uma coisa terrível, mas o medo da morte e da privação". Nossa ansiedade coloca máscaras assustadoras sobre todos os homens e coisas. Se nós os despimos destas máscaras, aparecem suas próprias fisionomias e o medo que eles causam desaparece. Isto é verdade mesmo em relação à morte. Uma vez que cada dia um pouco de nossa vida é tirada - uma vez que estamos morrendo cada dia - a hora final, quando cessamos de existir, não traz, em si, a morte; tão só completa o processo da morte. Os horrores relacionados com ela dizem respeito à imaginação. Desaparecem quando se tira a máscara da imagem da morte.
Paul Tillich em "A coragem de ser" - Editora Paz e Terra, p.10.
Nenhum comentário:
Postar um comentário